Ao terminar de ler esse texto você saberá como os investidores de maior sucesso no mundo fazem para chegar lá. No entanto, pode não ser da forma como você imagina e isso pode ser frustrante.
Para ilustrar, vou dar um exemplo real bastante emblemático para esse assunto:
A Sra. Grace Groner faleceu aos 100 anos de idade. Ela foi órfã até os 12 anos, nunca se casou nem teve filhos. Vivia uma vida humilde e trabalhou por toda a vida como secretária.
Ao falecer, a adorável senhora deixou tudo o que tinha para a caridade. Todos os U$7 milhões foram doados. Sim, você leu corretamente – ela tinha investimentos que somavam 7 milhões de dólares sem nunca ter feito nenhum curso de finanças na vida.
Cito agora outro caso, do Sr. Richard Fuscone, ex vice chairman da divisão América Latina do banco Merrill Lynch. Além do cargo que ocupou, ele estudou em Harvard e na Universidade de Chicago. Isso trouxe muito sucesso em sua carreira e ele se aposentou com menos de 50 anos para buscar outros objetivos e se dedicar a caridade. Na mesma época em que a Sra. Groner faleceu o Sr. Fuscone declarou falência pessoal. Perdeu tudo o que tinha e acumulou dívidas.
Assim, como é possível que o Sr. Fuscone, com uma formação de tanta qualidade, com anos de experiência no mercado financeiro e com uma renda média altíssima possa ter chegado nessa situação, enquanto a Sra. Groner, sem educação alguma em finanças e com salários baixos conseguiu tanto sucesso em seus investimentos?
O motivo é mais simples do que parece: sucesso em investimentos tem muito mais a ver com o comportamento do investidor com relação ao dinheiro do que com investimentos propriamente ditos.
A estratégia do Sr. Fuscone com relação ao dinheiro era a de manter um estilo de vida muito caro e fazer investimentos complexos e muitas vezes arriscados, enquanto a estratégia da Sra. Groner era simplesmente viver dentro de suas possibilidades e manter uma disciplina rígida de fazer pequenos investimentos todos os meses, sem se preocupar em investir no fundo com os retornos mais rápidos ou naquele “investimento da moda”.
Como o Sr. George Soros já disse, “se investir é entretenimento e se você está se divertindo, provavelmente você não está ganhando dinheiro. O bom investimento é chato”.
Desta forma, a melhor maneira de investir é controlar seu comportamento, sem esperar ganhar muito em curto espaço de tempo, sem aceitar ofertas tentadoras, mas obviamente falsas, em suma, sem buscar o que é impossível. Investir bem é investir sempre, de forma racional, com auxílio de profissionais capacitados e de confiança.
Desta forma, ter um profissional, como um Planejador Financeiro Pessoal ao seu lado para conversar e orientar nas tomadas de decisão, pode ser o diferencial que falta para que seu comportamento seja mais coerente com seus valores e o aproxime de seus objetivos.
Todos queremos encurtar os caminhos que nos levam às nossas metas. É normal. É da nossa natureza. A indústria financeira sabe disso e uma das técnicas de venda de produtos financeiros mais utilizada é a de fazer propaganda de determinados produtos baseada na
rentabilidade passada, indicando subliminarmente que esse desempenho se repetirá no futuro. É claro que, por força da regulamentação, existem avisos de que “rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura”, mas a mensagem já foi passada e nosso cérebro se lembrará dela no momento da escolha.
Outros usam técnicas ainda piores para induzir o investidor a comprar seus produtos. Citam exemplos de estratégias que, caso tivessem sido utilizadas em um passado recente, teriam trazido resultados incríveis, da ordem de 1.000% ou mais. Um exemplo claro disso foi o fenômeno do Bitcoin no fim de 2017. Quem investiu no momento certo teve lucros incríveis, embora tenha incorrido em riscos incríveis também, mas quem viu as matérias e as propagandas e investiu, perdeu dinheiro.
A única certeza que temos é que o mercado oscila. Os diversos investimentos têm rentabilidades ótimas em alguns períodos e péssimas em outros. O grande problema é que ninguém sabe quando uma das duas situações irá acontecer.
Outra questão importante é o nível dessa oscilação. Quanto maior for a variação da rentabilidade, menor o grau de certeza sobre os ganhos (ou perdas) e, assim, maior o risco. Quanto maior o risco, no entanto, maior a expectativa de retorno. Assim, se o investidor não quiser que seus investimentos oscilem muito, terá que se contentar com rentabilidades baixas.
Hoje no Brasil a taxa de juros básica está em 6,5% ao ano. Um investidor conservador consegue esse rendimento sem grandes surpresas. Porém, ao tirar o imposto e a inflação, o que sobra é algo abaixo de 2% ao ano. Isso será insuficiente para a maior parte das pessoas ter o crescimento de seu patrimônio necessário para atingir seus objetivos.
Para obter maiores retornos, portanto, será necessário aceitar maiores oscilações nas rentabilidades, o que também demandará mais sangue frio e, principalmente, um comportamento mais racional do investidor, entendendo que isso é natural e que não significa que ele irá “perder tudo”, mas sim que o valor de seus investimentos flutuará ao longo do tempo.
Como disse, não há milagres ou atalhos. Quem quiser maiores rentabilidades terá que lidar com essa oscilação. E se alguém achar que consegue ter o sangue frio para isso, mas mudar de ideia no meio do caminho, quando as coisas não estiverem boas, certamente irá perder dinheiro, uma vez que “entrará” no investimento no momento de bonança e “sairá” no momento de crise. Em outras palavras comprará caro e venderá barato. Esse é o comportamento mais comum do investidor pessoa física. Veja se a situação a seguir parece familiar:
No bar, seus amigos comentam que investiram no fundo “Planetas Plus” e que o retorno foi excelente, bem acima do mercado. Ao chegar em casa e olhar as notícias, o apresentador do telejornal diz que a bolsa teve a maior alta em tantos anos e mostra gráficos continuamente crescentes.
No dia seguinte você recebe um e-mail de seu banco ou corretora informando que o fundo Galáxia +, que teve um rendimento ainda maior do que o Planetas Plus está aceitando novos depósitos, mas apenas por pouco tempo. Você pode investir, mas tem que decidir rapidamente – sim, se você lembrou das propagandas de redes de varejo, a técnica é a mesma.
Quando você percebe, está falando com seu fornecedor de serviços financeiros para investir nesse fundo. Afinal, parece que todo mundo está ganhando menos você.
No entanto, como sabemos, as oscilações acontecerão e aí as rentabilidades tão atrativas começarão a ficar negativas. Nesse momento, um misto de medo e incredulidade toma conta de você. Seu dinheiro está diminuindo mês após mês. Você então começa a acompanhar o movimento semana a semana, depois dia a dia e quando percebe, verifica seu saldo várias vezes ao dia, o que aumenta o seu desespero.
Tem a impressão que todos já abandonaram o barco e você vai se afogar sozinho. Afinal, você irá esperar para tirar o dinheiro quando não sobrar quase nada?
Aí você toma a decisão e efetiva o saque. Resultado: perda permanente de capital.
Se essa história parece familiar, saiba que você não está sozinho. A equação que conta com falta de educação financeira somada ao conflito de interesses dos fornecedores de serviços financeiros e vieses comportamentais que todos temos nos leva a essa situação.
A solução para sair dessa armadilha consiste em alguns passos:
- Saiba que milagres não existem – Se você quer o impossível, só um mentiroso irá te atender. A ganância pode ser perigosa;
- Saiba que falhamos em nossas escolhas – Todos somos humanos e nossas mentes não funcionam bem para investimentos racionais. Nossa racionalidade é limitada;
- Procure profissionais capacitados e de confiança – Pesquise e entenda a qualificação de seus fornecedores e verifique como são remunerados. Isso diz muito sobre as indicações que serão feitas;
- Foque nas coisas que controla – Seu foco deve estar nas economias mensais, sobre as quais você pode tomar medidas, ao invés da oscilação da bolsa, sobre qual não há nada a fazer;
- Fuja das modas – Não é porque todos estão investindo em algo que você também deve investir. Da mesma forma não é porque todos estão saindo de algum mercado que você também deve sair. Sua estratégia de investimento é só sua e não deveria seguir as “modas” que sempre aparecem
Seguindo esses passos, seu futuro financeiro tem muito mais chances de se tornar aquele que você deseja porque, como disse no início, bons resultados financeiros têm muito mais a ver com o seu comportamento do que com o comportamento do mercado.
Assim, reflita sempre e tome boas decisões, não corte caminhos e escolha bons profissionais para te acompanhar ao longo de sua jornada. É assim que os investidores de sucesso fazem. É assim que você também pode fazer.
Boa sorte e boas escolhas!